terça-feira, 15 de novembro de 2011

15 de Novembro de 1889 (Parte II)

Hoje não escreverei com minas próprias palavras. Tem quem as escreveu melhor do que eu. Continuaremos nossa série de postagem sobre o fatídico 15 de Novembro com a intenção de apresentar ao leitor a outra face da moeda, algo que a doutrinação republicana lhes tirou a oportunidade. O texto a seguir foi retirado do livro "Revivendo o Brasil Império", de Leopoldo Bibiano Xavier, e mostra como o Golpe republicano foi um acontecimento inesperado e absurdo.

"O embaixador da França relatou ao seu país, na ocasião da proclamação da República: 'Dois mil homens, comandados por um soldado revoltado, bastaram para fazer uma revolução que não estava preparada, ao menos para já. Informações particulares permitem afirmar que os próprios vencedores não previam, no começo do movimento, as condições radicais que ele devia ter.'

"Quanto à organização das forças que derrubaram de supetão a Monarquia, elas lembravam mais uma geringonça andando aos solavancos do que um trem bem azeitado. O dia 15 foi repleto de lances de confusão, de líderes que deram shows de hesitação (a começar por Deodoro), de liderados que acreditavam em boatos e saíram de quartéis pensando que estavam apenas derrubando o Ministério.

"Benjamim Constant estivera com Deodoro, no dia 14 de novembro, e estava desolado. Aos descer do bonde no Largo de São Francisco, encontrou péssimas notícias sobre o estado de saúde do marechal.

- Creio que ele não amanhece, e se ele morrer a revolução está gorada. Os senhores civis, podem salvar-se, mas nós, militares, arrostaremos as consequências das nossas responsabilidades.

"Na tarde do dia 15, ao perambular pela cidade e constatar que pouquíssimas pessoas falavam de República, Constant percebeu o quanto a situação era esdrúxula. Encontrando o jornalista republicano Aníbal Falcão com um grupo de amigos, na Rua do Ouvidor, disse-lhes:

- Agitem o povo, que a República não está proclamada.

"Aníbal Falcão redigiu uma confusa moção, dizendo que o povo, reunido em massa, fez proclamar o governo republicano. E conseguiu colher cerca de 100 assinaturas do 'povo em massa'.

"A dificuldade realmente instransponível era fazer Deodoro aceitar um ministério presidido por Silveira Martins, que fora indicado ao imperador pelo Visconde de Ouro Preto. Eram inimigos desde o tempo em que o marechal serviu no Rio Grande do Sul, quando disputou com Silveira Martins as graças da Baronesa do Triunfo. Somente ao saber, já de noite, através de Benjamim Constant, que o Imperador havia nomeado Silveira Martins para a chefia do Ministério, Deodoro teria se resolvido a aceitar a instauração do regime republicano. Também se tentou que Deodoro fosse ter um encontro pessoal com D. Pedro II, mas o marechal recusou-se com estas palavras:

- Se eu for, o velho chora, eu choro também, e está tudo perdido.

A Princesa Isabel confirma:

'A ideia de chamar para formar o ministério a Silveira Martins, seu inimigo mortal (uma vez que Ouro Preto estava preso, e, dolto sob palavra, pediu demissão), facilitou o trabalho dos republicanos que o cercavam, os quais aproveitaram-se do descontentamento da situação e conduziram-no à República.'

"O marechal Deodoro jamais contestou que, até às vésperas de 15 de novembro, tivesse servido devotadamente ao Imperador. A sua adesão às ideias de Benjamim Constant data, talvez, de 10 a 12 daquele mês.
Certo dia, já presidente, recebeu Deodoro no Itamarati um cavalheiro que alegava ser republicano de longa data, batendo-se pela República desde 1875.

- Pois eu, meu caro senhor, não dato de tão longe. Eu sou republicano de 15 de novembro, e o meu irmão Hermes de 17!

"Deodoro era presidente da República, quando o convidaram para visitar o ateliê de Rodolfo Bernardelli, no qual se achava, quase concluído, o quadro representando a proclamação da República. Na tela, a sua figura aparece montando um bonito cavalo. Ele se voltou para os que o acompanhavam, e comentou:

- Vejam os senhores... Quem lucrou, no meio de tudo aquilo, foi o cavalo!"

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Pois bem, caros leitores. Vimos que a proclamação da república foi um golpe de tanta sorte que nem os mais interessados em proclamá-la pensaram que o golpe realmente daria certo. E a pergunta que fica no ar, até as próximas postagens é: E SERÁ QUE DEU CERTO?


sábado, 5 de novembro de 2011

15 de Novembro de 1889 (Parte I)


Em 15 de novembro deste ano de 2011, a República Federativa do Brasil faz 122 anos. Cento e vinte e dois anos são suficientes para um sistema de governo se mostrar eficiente ou não em um país. Muitos podem afirmar que esse sistema (republicano) no Brasil funciona. Isso mostra uma profunda ignorância sobre o que é uma verdadeira república. Dizer que o Brasil na época do Império (1822 - 1889) era "pior" do que a república, é ignorância histórica. Os fatos estão aí para serem analisados. Se os analisarmos livres das fontes completamente (e propositadamente) tendenciosas, livres da doutrinação republicana feita a partir de 15 de novembro de 1889, as conclusões seriam outras, sem dúvida alguma.

O Brasil republicano já presenciou sete constituições; inúmeros golpes (militares e civis) e até impeachment. Muitos são os argumentos para embasar a tese de que a "República no Brasil é coisa impossível porque será uma verdadeira desgraça." Esta frase foi escrita por Deodoro da Fonseca, um dos líderes do golpe que depôs o Imperador D. Pedro II e o exilou junto com toda a sua família.

A intenção de começar um ciclo de postagens com o título "15 de Novembro de 1889", é justamente a de esclarecer ou apresentar ao leitor, fatos que ocorreram naqueles dias. Fatos esses que serão transcritos em fonte primária (por quem presenciou os acontecimentos) ou por fontes outras que estão livres do guia politicamente correto republicano. Serão pelo menos mais umas três postagens, pois não pretendo fazer de cada postagem uma longa leitura, como é minha opção desde a primeira postagem deste Blog.

Por hora, o que me é interessante deixá-los cientes, é que o que aconteceu em 15 de novembro de 1889 foi um GOLPE DE ESTADO (derrube ilegal de um governo constitucionalmente legítimo), dado às escondidas por uma pequena parte do Exército brasileiro e SEM apoio popular. Como bem escreveu o jurista, político e jornalista Aristides Lobo (contemporâneo dos fatos):

"Por ora, a cor do governo é puramente militar e deverá ser assim. O fato foi deles, deles só porque a colaboração do elemento civil foi quase nula. O povo assistiu àquilo tudo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos acreditaram seriamente estar vendo uma parada!"

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Proclama%C3%A7%C3%A3o_da_Rep%C3%BAblica_do_Brasil)

Na próxima postagem entenderemos um pouco mais e conheceremos mais histórias interessantes sobre o exílio da Família Imperial brasileira.