sábado, 18 de fevereiro de 2012

D. Pedro II e a França Republicana (Final)

 
 Monograma de D. Pedro II

Esta é a última postagem da série sobre a França Republicana e o nosso último Imperador. Contudo, é a mais emocionante! Acompanhe...

É de conhecimento da maioria que o último Imperador do Brasil, Sua Majestade Imperial D. Pedro II, foi deposto por um Golpe de Estado em 15 de novembro de 1889. Mesmo as repúblicas da América Latina, reconheciam a grandeza do Império Brasileiro, como podemos ver nesses dois exemplos: 

1º - Quando o Golpe Republicano se confirmou e um embaixador brasileiro foi cominicar que o Brasil não era mais uma Monarquia ao então presidente do Equador, este disse: "Permita que lhe ofereça os meus pêsames: o Brasil acabou de cometer o erro mais fatal de sua história!"

2º - Quando a Monarquia foi derrubada, o  presidente da Venezuela, Rojas Paúl, resumiu a queda do Império brasileiro em uma única frase: "Foi-se a única república da América!". Provavelmente pensando que o Brasil, mesmo enquanto Império, tinha uma forma republicana de agir. Diria até que muito parecida com a dos Estados Unidos. E não era como somos hoje, essa república igualzinha a essas outras da América Latina, que só pensam nas próximas eleições e nunca nos seus patrícios.

"E que tem a ver a França nisso tudo?"

Vamos lá...
A França foi o país escolhido por D. Pedro II para passar o último dos seus dias. No dia 05 de dezembro de 1891 (apenas três dias após o seu aniversário), nosso Imperador morria num simples quarto de hotel francês. Quando a Família Imperial foi exilada do país, os que ajudaram a realizar o Golpe (como Deodoro da Fonseca), mandou retirar dos cofres públicos 5 mil contos, o equivalente em dinheiro a 4,5 toneladas de ouro (salvo engano), para dar como forma de indenização à Família Imperial. D. Pedro II, além de negar, disse que ninguém de sua Família o receberia, e pediu que caso o dinheiro já tivesse sido retirado, que fosse feito um documento que comprovasse que o dinheiro fora devolvido, e terminou com a frase: "Com que autoridade esses senhores dispõem do dinheiro público?" Era a primeira tentativa republicana (ato comum hoje) de desvio do dinheiro do povo.

Vale lembrar que outro ato bastante comum hoje - o aumento dos próprios salários dos parlamentares - também começou no pós-Golpe. D. Pedro II passou 49 anos governando o Brasil, e durante TODO este tempo, nunca aumentou o soldo que recebia como Imperador, ainda que a Câmara fosse favorável. Assim que a República tomou posse, os líderes (como Deodoro) aumentaram seus próprios salários para quase o dobro do que ganhava o Imperador do Brasil).

Voltando à França... (e pegando carona em partes do livro Revivendo o  Brasil Império)
A única coisa que o Imperador pediu para seu exílio, foi um punhado de terra de cada província do país. Antes de morrer, pediu que o seu travesseiro (cuja terra brasileira havia sido posta dentro), repousasse sob sua cabeça. E em seu último suspiro, afirmou: "Nunca me esqueci do Brasil. Morro pensando nele. Que Deus o proteja!"
O "Imperador Filósofo" em Paris no ano de 1891

Em apenas um dia após a morte do Imperador, mais de 2.000 telegramas haviam sido enviados para o hotel com mensagens de condolências. 

O jornal Le Jour, por ocasião do falecimento do (ex) Imperador, fez um elogio fúnebre em primeira página, insistindo na ideia de que era o momento da França corresponder ao apoio que D. Pedro II lhe havia dado, pois fora ele o "primeiro soberano que, após nossos desastres de 1871, ousou nos visitar. Nossa derrota não o afastou de nós. A França lhe saberá ser agradecida."

Sadi Carnot, presidente francês, decidiu prestar a D. Pedro II as honras de Chefe de Estado. Para evitar incidentes políticos, o governo francês usou a desculpa de que o enterro oficial seria porque D. Pedro II era da Grã-Cruz da Legião de Honra (Condecoração honorífica francesa), mas seria com todas as pompas dignas de um Monarca. Todos os pedidos feitos pelo governo republicano brasileiro, para não se realizar qualquer tipo de funeral oficial (pasmem!), ou de apresentar publicamente a Bandeira Imperial foram ignorados pelo governo francês.
 Le Petit - Jornal Parisiense com ilustração
do funeral do Imperador

A importância das exéquias públicas do Imperador deposto, decidida pelo governo francês, e as homenagens póstumas de que foi alvo, causaram a maior irritação no embaixador brasileiro, que representou ao Quai d'Orsay (Ministério das Relações Exteriores) os protestos do governo republicano.

No dia 9 de dezembro de 1891, muito cedo, apesar da chuva incessante e do vento frio, uma verdadeira multidão começou a ocupar a Praça da Madeleine e a invadir as ruas e avenidas adjacentes. Antes do meio dia, a multidão já se tornara tão compacta, que os correspondentes do Daily Telegrafh e do Daily Mail escreveram: "Havia tanta gente nos funerais do Imperador quanto nos de Victor Hugo."
Caixão sendo carregado pelas escadarias da Igreja Madeleine
em direção à estação de trem

Calcula-se em 200.000 as pessoas que assistiram à passagem do cortejo fúnebre.

Enviados de muitas nações compareceram à funebre cerimônia (inclusive de locais distantes como China, Japão e Pérsia). Na igreja da Madeleine, entre os membros do corpo diplomático, só se notou um lugar vazio - o do representante diplomático do nosso País. O Brasil  oficial negou-se a tomar parte na maior glorificação do nome brasileiro!
Funeral em Lisboa

Oitenta mil homens das tropas militares francesas realizaram o cortejo e duas carruagens levavam mais de 200 coroas de flores com diversas mensagens, tais como:

"Dos Voluntários da Pátria ao grande Imperador por quem se bateram Caxias, Osório, Andrade Neves e tantos outros heróis!"

"Um grupo de brasileiros estudantes em Paris."

"Tempos felizes em que o pensamento, a palavra e a pena eram livres, que o Brasil libertava povos oprimidos." (Enviada pelo Barão de Ladário, Marquês de Tamandaré, Visconde de Sinimbu, Rodolfo Dantas, Joaquim Nabuco e Taunay)

"Ao grande brasileiro benemérito da Pátria e da Humanidade. Ubique Patria Memor." (Enviada pelo Barão do Rio Branco)

"Os Rio-Grandenses ao Rei liberal e patriota."

"Um negro brasileiro, em nome de sua raça."

Joaquim Nabuco, correspondente do Jornal do Brasil, escreveu por ocasião das exéquias suntuosas de D. Pedro II em Paris:

"Mais do que isso, infinitamente, D. Pedro II preferia ser enterrado entre nós, e por certo que o tocante simbolismo de fazerem o seu corpo descansar no ataúde sobre uma camada de terra do Brasil interpreta o seu mais ardente desejo. Ao brilhante cortejo de Paris ele teria preferido o modesto acompanhamento dos mais obscuros de seus patrícios, e daria bem a presença de um dos primeiros exércitos do mundo em troca de alguns soldados e marinheiros que lhe recordassem as gloriosas campanhas nas quais o seu coração se enchera de todas as emoções nacionais.
 Mas foi sua sorte morrer longe da Pátria. É uma consolação, para todos os brasileiros que veneram o seu nome, ver que ele, na sua posição de banido, recebeu da gloriosa nação francesa as supremas honras que ela pôde tributar. No dia de hoje o coração brasileiro pulsa no peito da França."
 Soneto escrito pelo Imperador

A Lei do Banimento (que proibia a Família Imperial de pisar em solo brasileiro, além de não permitir que nenhum dos membros pudesse possuir imóveis no Brasil e estabelecendo um prazo de seis meses para que os imóveis possuídos fossem vendidos ou passados à terceiros) só foi revogada em 03 de setembro de 1920, quando, a partir dessa data, os restos mortais do Imperador foram trazidos de volta à sua terra natal.

Pois é meus caros amigos... A dívida que o Brasil tem com D. Pedro II, na minha opinião, é impagável. Acredito em leis carmáticas, em carma coletivo. E creio que o Brasil hoje, paga esse carma. Não apenas pelo que aconteceu ao Império, mas por toda a sujeira que veio com o advento da república. 

Que o Brasil, um dia, possa consertar uma das maiores injustiças já impostas por um governo.
E com minha garganta e espírito hei de continuar bradando:
 
Viva a verdadeira Democracia!
Viva o Brasil Império!
Viva D. Pedro II!

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

D. Pedro II e a França Republicana (Parte II)


Dando prosseguimento à pequena série de postagens intitulada "D. Pedro II e a França Republicana", a postagem de hoje vem com um enfoque em um dos maiores pensadores franceses: Victor Hugo (1802 - 1885). Na primeira postagem desta série, vimos já o primeiro caso interessante entre a Nação francesa e o nosso Imperador, em sua primeira viagem ao país. Hoje conheceremos mais sobre um encontro um tanto inusitado (será?).
Victor Hugo

Um dos maiores desejos de D. Pedro II era conhecer pessoalmente Victor Hugo (novelista, poeta, dramaturgo, ensaísta, artista, estadista e ativista pelos direitos humanos fracês de grande atuação política em seu país), então no ápice de sua notoriedade e glória. Quando da sua viagem à Paris em 1877, deu instruções à embaixada do Brasil para comunicar ao escritor o desejo que tinha de vê-lo entre seus visitantes do Grande Hotel. A resposta foi:

- Victor Hugo não visita ninguém.

Ao ter notícia da resposta, D. Pedro II sorriu:

- Não faz mal. Eu procurarei conhecê-lo. Ele tem sobre mim o triste privilégio da idade, e também a superioridade do gênio. Eu vou, portanto, fazer-lhe a primeira visita.

Ao tempo em que D. Pedro II visitou Victor Hugo, havia em Paris uma espécie de carruagem para transporte coletivo urbano, popularmente conhecida como impériale. Descrevendo como era o seu dia a dia, o poeta disse ao Imperador:

- Depois do almoço, por volta de uma hora da tarde, eu saio, e faço uma coisa que Vossa Majestade não poderia fazer: subo num ônibus.

- Por que não? Essa condução me conviria perfeitamente, Ela não se chama "impériale"?

Quando se despedia do republicano Vicor Hugo, após uma de suas visitas, D. Pedro II ouviu dele estas palavras:

- Felizmente não temos na Europa um monarca como Vossa Majestade.

- Por quê?

- Se houvesse, não existiria um só republicano...

:)

O fato foi retirado do livro "Revivendo o Brasil Império", que é repleto de fontes outras que fornecem a base para a confirmação do que foi postado! Nada do que posto neste blog é baseado em folclore ou inventado. É simplesmente uma História menos deformada e sem a nociva ideologia republicana que corrói nossa mente.

Aguarde agora pelo último post desta série, que é o mais lindo e interessante. É onde eu, simples cidadão brasileiro, me sinto muitíssimo grato à França por sua postura frente ao maior Homem que eu tive a oportunidade de "conhecer".
Sua Majestade

Apenas por curiosidade, eu sempre tive o sonho de ser pai. E se Deus permitir, um dia serei. Acontece que sempre pensei também nos nomes que daria a meu filho, se fosse menino. Passei por muitos e muitos... Há pouco tempo cheguei à conclusão! Se um dia eu tiver um filho, menino, ele se chamará "PEDRO", em homenagem ao eterno Imperador do Brasil.