sexta-feira, 7 de setembro de 2012

O Brasil independente lhe deve honras



Sua Majestade Imperial D. Leopoldina
Imperatriz do Brasil

Primeira mulher a governar o Brasil independente, D. Carolina Josefa Leopoldina Francisca Fernanda de Habsburgo-Lorena, ou simplesmente D. Maria Leopoldina, foi esposa do primeiro Imperador do Brasil, Sua Majestade Imperial D. Pedro I. No Sete de Setembro de hoje, rendo minhas homenagens e respeito para com a Mulher que tornou-se brasileira por escolha e amou de fato esta Nação.

O que poucos sabem, hoje em dia, é que D. Leopoldina esteve à frente de forma decisiva do processo de independência do país. O movimento feminino esquece-se (muitas vezes pela simples ignorância) de várias mulheres que estiveram à frente do Brasil de forma corajosa e, por vezes, à frente do seu tempo. Em meio a uma época em que se comemora a primeira pessoa do sexo feminino a ser presidente da República do Brasil, o nosso Império viu duas mulheres tomarem as rédeas da Nação. A primeira delas, D. Leopoldina, a segunda, D. Isabel, a Redentora.

Vasconcelos Drummond, um dos políticos e diplomatas que se destacaria no processo de Independência do Brasil, afirmou:
"Fui testemunha ocular, e posso asseverar aos contemporâneos que a Princesa Leopoldina cooperou vivamente, dentro e fora do país, para a Independência do Brasil. Debaixo desse ponto de vista, o Brasil deve à sua memória gratidão eterna."
Um exemplo de atitude da Imperatriz que mostra sua defesa aos interesses brasileiros, pode ser visto em uma carta sua escrita ao seu esposo D. Pedro I por ocasião da Independência:
"É preciso que volte com a maior brevidade. Esteja persuadido de que não é só o amor que me faz desejar mais que nunca sua pronta presença, mas sim as circunstâncias em que se acha o amado Brasil. Só a sua presença, muita energia e rigor podem salvá-lo da ruína."
Com a volta da Família Real Portuguesa para Portugal, em 1821, D. Pedro ficou no Brasil como Príncipe Regente. Em meio à agitação política que o Brasil passava, eram perceptíveis os sinais de uma unidade nacional se construindo. Portugueses e brasileiros estavam em pé de guerra. D. Leopoldina exerceu a Regência confiada ao seu marido em 13 agosto de 1822, quando D. Pedro lhe nomeou Chefe do Conselho de Estado e Regente Interina do Brasil, com poderes legais para governar o Brasil, e a partir disso, ele partiu para São Paulo para tentar apaziguar os ânimos por lá.

Em dois de setembro de 1822, sabendo que Portugal exigia a volta de D. Pedro ao seu país de origem, D. Leopoldina reune o Conselho de Estado e assina o decreto de Independência, declarando o Brasil separado de Portugal. Ela envia uma carta ao seu marido onde adverte enfaticamente: "O pomo está maduro, colha-o já, senão apodrece." Depois disso veio o Grito do Ipiranga!

 Dona Leopoldina, então Princesa Real-Regente 
do Reino do Brasil preside a reunião do Conselho de 
Ministros em 2 de setembro de 1822.


Ainda como Governante, mas desta vez já de um Brasil Independente, D. Leopoldina idealiza a Bandeira da nova Nação, cuja mistura do Verde (cor heráldica da família Bragança, de D. Pedro) e do Amarelo (na verdade dourado, cor heráldica de sua família, os Habsburgos), tornaria-se um Símbolo de identificação Nacional. Jean Baptiste Debret, célebre pintor, dá vida a essa ideia e cria a Bandeira do Império do Brasil.

Um fato curioso é narrado no livro "Revivendo o Brasil Império", de Leopoldo Bibiano Xavier. Diz ele que nos idos de 1824, Vasconcelos Drummond, já citado anteriormente, comenta que uma tropa pretendia forçar a abdicação de D. Pedro I, e só a veneração que tinham à Imperatriz D. Leopoldina é que pôde demovê-los do seu intento. Foi então que lhe ofereceram secretamente a Coroa, ao que ela respondeu: "Sou cristã, e dedico-me inteiramente ao meu marido, aos meus filhos. Antes de consentir num semelhante ato, eu me retirarei para a Áustria."
 Juramento da imperatriz Maria Leopoldina 
à Constituição do Brasil 1824.

Por fim, a Imperatriz não se interessava muito por roupas e enfeites. Mas gastava muito, visto que dava esmolas de sua própria dotação. Terminava por gastar mais do que podia. Após sua morte em 1826, verificou-se que tinha dívidas decorrentes de suas obras de caridade. A Assembleia Legislativa sentiu-se honrada em mandar efetuar os pagamentos desses debitos deixados pela Imperatriz.

 
A Imperatriz e seus filhos.

Esta então é minha humilde homenagem à uma verdadeira Mulher. Uma Imperatriz esquecida na História de um País que costuma esquecer suas glórias e suas tradições. Que Sua Majestade Imperial descanse em paz, sabendo que nem todos a abandonam ao ostracismo da História! Hoje o meu 7 de Setembro é voltado à sua memória.