Este talvez seja o argumento mais difícil de ser explicado relacionado
à Monarquia: Por que o Rei é Rei? E é sobre este assunto que proponho estas
poucas linhas. Meu objetivo não é dar uma resposta concreta, única e
inquestionável, mas a minha mais sincera opinião a esse respeito.
Sempre que o assunto
“Monarquia” vem à tona, algumas questões parecem ser inevitáveis aos
brasileiros. Uma delas fruto de uma curiosidade; a segunda cheia de jocosidade
(bem ou mal intencionada). “Quem seria o
Rei no Brasil?” – Imperador, na verdade – costuma ser um dos primeiros
pensamentos transfigurado em indagação por parte dos curiosos. “Por que ele e não eu?”. Essa segunda
questão não é sempre que surge. Curiosamente ela só costuma aparecer quando o outro
lado não está disposto a entender melhor do que se trata, ou a proporcionar a
seriedade que o assunto merece. É justamente sobre essa segunda questão que
este texto irá versar.
“Rei” (do latim Rex) é um
Chefe de Estado de uma nação, podendo ser, em alguns casos, também Chefe de
Governo. Em séculos passados, era comum que as Monarquias fossem absolutistas
(o poder era concentrado nas mãos dos monarcas), e isso terminou por fazer com
que a maioria das pessoas desavisadas, pense que a única forma de uma monarquia
existir é como aquela que eles estudaram no Ensino Médio. Como estamos falando
sobre o sistema monárquico parlamentar constitucional (e é esse sistema que os
monarquistas defendem para o Brasil), entendamos aqui o Rei como Chefe de
Estado apenas.
Um Chefe de Estado não
é só um “enfeite” de uma Nação. Para tantos, a ideia de “poder” está ligada
apenas ao exercício do governo, quando na verdade ignoram o poder de
representação. Um Chefe de Estado tem muitas atribuições, e ser o símbolo de
uma Nação, representá-la de forma suprapartidária são alguns dos poderes que o
cargo lhe proporciona e que os súditos os confiam. Segundo o pensador suíço Henri-Benjamin
Constant de Rebeque (1767 – 1830), o Chefe de Estado deve ser detentor de
prerrogativas constitucionais importantes, agindo com o máximo de imparcialidade
possível. Seu pensamento acabou por tornar-se, segundo muitos, fundamento do
parlamentarismo moderno. Ora, mas se o
Chefe de Estado deve ser imparcial, o que fazer com um representante máximo de
uma nação que é filiado a um partido político? Que ideologicamente já está
comprometido? Pois assim é um presidente... Ao acumular os dois principais
cargos de um país (Chefe de Estado e de Governo), temos uma concentração de
poderes que, nas mãos de alguém despreparado, se vira contra o seu próprio
povo.
Ao contrário de um
presidente, um rei reúne em si muito mais características necessárias para se
ser o Chefe de Estado, a saber: apartidário, preparado desde tenra idade para
exercer tal função, reputação ilibada, seus súditos acompanham toda sua
trajetória de vida, não depende de partidos políticos para manter o cargo, etc.
“Mas não somos nós quem o elegemos!”.
“O que o torna legítimo?”. “Por que ele e não eu?”
Ao meu ver, não se
pode ser monarquista sem compreender e respeitar a Tradição. E aqui cabe bem
uma definição poética do termo, advinda do Pe. Heitor Rossato: “Tradição, antes de tudo, é conhecer para
amar.” Um país que respeita suas tradições, o faz porque seus cidadãos
conhecem sua própria História. Conseguimos perceber claramente isso em países
como Inglaterra, Estados Unidos, Japão, entre outros. Respeitar as tradições
não quer dizer nunca mudar. Tradição não é empecilho para o desenvolvimento.
Ter tradição é também saber mudar.
Nunca jogar fora o que temos de bom e nunca abandonar uma qualidade, ainda que
pudéssemos trocá-la por duas outras. “Cultura
não se perde, se acumula”, já dizia um grande Professor.
Pois bem, para
responder as perguntas feitas nesse texto, precisamos partir de um pressuposto
muito difícil de ser entendido por muitos: ser Rei não é privilégio, é fardo. Ser
príncipe não é bônus, é ônus. Argumento muito difícil de ser explicado para
alguém muito mais materialista do que espiritualista. É fato que o ser humano
parece nunca estar contente com o que tem e sempre quer mais. Depois de muitas
discussões com diversas pessoas a esse respeito, percebi que a principal
repulsa deles para com a ideia de um rei, é o fato do rei “ter tudo”
materialmente. É o fato dele ser “sustentado” pela Nação (repulsa essa mesmo
quando o “sustento” desse rei, custa menos do que os políticos republicanos que
os governa). Ora, o rei recebe um soldo pela função que exerce, nada mais
natural. O fato de seu “cargo” ser vitalício, contribui para minimizar as
chances de termos um rei corrupto (ele já tem tudo materialmente) e que busque
pensar apenas nas próximas eleições e em manter seu cargo (como acontece no
presidencialismo republicano brasileiro). Isto é tão bem pensado, que se
pararmos para buscar histórias de reis corruptos (em monarquias
constitucionais), não acharemos exemplos para citar. Quanto a políticos
“comuns”, falta-nos, muitas vezes, exemplos positivos para citar.
Enquanto o cidadão
encarar com certo ciúme o fato dele não ser “rei” ou “príncipe”, não estaremos
prontos para uma monarquia. É preciso
grandeza de espírito para se compreender e aceitar que alguém, que não
você, desempenha essa função. E isso nos leva a outra pergunta: e por que
necessariamente ele? Bem... o melhor
argumento que consigo apresentar no momento para essa situação também gira em
torno da tradição. Não sei como os primeiros reis foram surgindo... Ou melhor,
há várias formas desse surgimento, como por exemplo, a ideia de que aquele
homem estava sendo iluminado por Deus, ou porque era a família mais importante
da região... os motivos podem ser vários, mas o fato é que hoje a Monarquia é
vista de outra forma. Sabemos que não é por “escolha divina” ou por serem os
mais ricos do país (nem sempre são), mas por questões tradicionais. Vamos
tentar explicar o caso brasileiro: por que os Orleans e Bragança?
A família Orleans e Bragança
(atual dinastia brasileira se fôssemos uma monarquia) tem ascendência nas mais antigas
famílias reais do mundo. Apesar de nunca ter reinado (visto que os Orleans e
Bragança surgiram da união matrimonial da Princesa D. Isabel do Brasil –
Bragança; e do Conde D’Eu de Orleans, sendo seus descendentes os Orleans e Bragança), são remanescentes
das mais nobres Casas Reais da Europa, tendo ligações diretas com, por exemplo,
Hugo Capeto e Carlos Magno (estamos remontando aí ao século XI e VIII,
respectivamente). Nossos ilustres imperadores, D. Pedro I e D. Pedro II,
ajudaram a construir o Brasil que temos hoje. Com inúmeras provas de amor pela
pátria, tivemos Imperadores que ajudaram, inclusive, a garantir a extensão
territorial do Brasil.
Até hoje, a nossa
Família Imperial trata os descendentes desses ilustres personagens históricos,
com os valores da tradição incrustados em sua família. Não são príncipes por
escolha, mas por tradição. Querer mudar essa tradição depois de tanto tempo, é
jogar fora a única coisa que temos enquanto povo: nossa História. E mais, por
que trocar uma Família Imperial que tem em si os atributos da realeza, por
outra que sequer saberemos de onde vem? É isso que nossa Família Imperial faz: mantém a tradição.
Outra
explicação que se faz necessária e importantíssima, é sobre o fato de que, em
primeiro momento, não são as pessoas (sejam reis ou rainhas) que são
reverenciadas numa monarquia, mas sim os “cargos”! Curvar-se diante de um rei,
não é curvar-se diante de um homem, é reverenciar e mostrar sinal de respeito a
um povo... a uma Nação. Reitero que os pequenos de espírito não conseguem
entender isso (foi o que percebi em minhas inúmeras discussões). Se Elizabeth
II é, também, admirada, assim como o foi, por exemplo, D. Pedro II, é porque
aos poucos foram conquistando os seus povos. O respeito e admiração pela pessoa
surge aos poucos. Quando a sociedade acompanha o crescimento de um príncipe e
vai, educando-o junto com sua família (elogiando ou recriminando suas atitudes
desde a infância), vai-se moldando o caráter e a personalidade de quem um dia
irá representar a todos. Por isso é tão comum, na coroação, o rei ou rainha já
ser, pessoalmente, bastante respeitado por seu povo. Ao reverenciar um rei,
reverencia-se a Nação, o seu passado brioso, as suas glórias, o seu próprio
povo. Não é o D. Fulano, é o REI!
O Rei, portanto, é um símbolo nacional, tal como o Hino e a Bandeira. Ele é a Nação personificada; e para se ser monarquista, é preciso desapegar-se das vaidades e do egocentrismo, do contrário, seremos "monarquistas" com espírito republicano (no pior uso do termo).
Parabéns pelo artigo, explicação direta e simples. Continue com esses textos eles são extremamente uteis e explicativos. Gostaria de pedir um texto que falasse sobre a unidade nacional e por que movimento separatistas como o Gesni e o Sul é nosso país não trazem beneficio para o povo.
ResponderExcluirO artigo é ótimo, mais sugiro que você escolha uma fonte mais legível e amena para a leitura.
ResponderExcluirConcordo com o Anônimo, o artigo é de eximia qualidade, mas a fonte é cansativa, uma fonte mais popular ajudaria bastante. Parabéns pela explicação!!
ResponderExcluirA divulgação na internete da Monarquia é muito fraca. Precisava ser divulga nos Jornais
ResponderExcluire TV. para ter conhecimento do povo pobre. So assim seria mais eficas. Saudações de
Tiago Gusmão (Facebook).
Com certeza foi este o grande erro cometido em 1993...
ExcluirGloria ao Império Brasileiro. Deus Salve a Monarquia do Brasil
ResponderExcluirMorte a Republica corrupta...