Pena de Ouro utilizada por D. Isabel na assinatura da Lei Áurea
Caros leitores,
esta é a última postagem da série "O Império Abolicionista", que, como bem sabem, tem o objetivo de desmistificar a qualidade de "Império escravista" que os livros didáticos republicanos insistem em apresentar.
Visto que já se foi mostrado a ação abolicionista de D. Pedro II, hoje irei focar na mulher que assinou a Lei que extinguiu a escravidão do Brasil: Sua Alteza Imperial e Real Dona Isabel, a Redentora.
Em 13 de maio de 1888 é assinada a Lei
que aboliu a escravidão no Brasil.
Muitos pensam que o papel da Princesa na Causa Abolicionista foi apenas o de assinar a Lei Áurea, em 13 de maio de 1888. Contudo, D. Isabel foi uma das mais ferrenhas combatentes em favor da causa. Ia discursar para deputados e senadores sobre a importância de se acabar com a escravidão no Brasil, e por muitos, não era bem recebida. Pode-se até dizer, sem medo de errar, que se não fosse sua ação pacificadora, talvez a Lei de libertação total não se teria feito sem sangue. Foi D. Isabel quem incentivou os defensores da Lei do Ventre Livre quando estes achavam a causa enfraquecida; foi ela quem preparou o ambiente para a Lei dos Sexagenários; e também foi a Princesa quem apressou a vitória total dos cativos, atitude que sabia que comprometeria, muito possivelmente, o seu futuro trono imperial (e foi o que aconteceu).
Missa em Ação de Graças pela abolição realizada 03 dias depois de promulgada
a Lei Áurea - vê-se a Princesa Isabel e o Conde D'eu ao fundo no centro - RJ - 16.05.1888
Vejam essa passagem retirada do livro "Revivendo o Brasil Império":
"A Princesa Isabel insistia com o Barão de Cotegipe para que o Ministério assumisse uma posição mais decidida na questão da abolição, sem o que sua força moral cada vez mais se perdia. Cotegipe aconselhou-a a manter-se neutra como a Rainha Vitória, numa disputa que dividia profundamente os partidos. Ela retorquiu:
- Mas eu tenho o direito de manifestar-me, e a Rainha Vitória é justamente acusada por sua neutralidade, prejudicial aos interesses da Inglaterra." (Gtifo nosso)
Lembro de ter lido um texto uma vez, que denegria a imagem da Princesa Isabel (colocando-a como uma "princesinha branca" num contexto claramente pejorativo) e enaltecendo o Zumbi dos Palmares, visto por muitos como a real representação da resistência contra a escravidão. Outra invenção republicana. A quem se interessar de estudar mais a fundo o tema, saberá que o próprio Zumbi (que morreu dia 20 de novembro, daí esta data ser comemorada como o Dia da Consciência Negra) tinha escravos. "Como assim, Zumbi, um símbolo da resistência à escravidão, possuía escravos?" Pois é, caro leitor... há muito o que se descobrir sobre nossa História REAL.
Missa campal de Ação de Graças no Rio de Janeiro reúne a princesa Isabel
e cerca de vinte mil pessoas celebra a abolição no dia 17 de maio de 1888.
Esta postagem será um pouquinho maior, pois está encerrando o tema.
Leiam esta outra passagem do livro citado anteriormente:
"Entusiasmada pela veneração com que a saudavam os abolicionistas jubilosos, após a assinatura da Lei Áurea, a Princesa Isabel se encontrou com o Barão de Cotegipe, que fora o Chefe do Gabinete de 1886 - 1888, e que, nessas funções, lhe observara os riscos que corria a sorte do Império com a providência radical que os abolicionistas pleiteavam:
- Então, Sr. Cotegipe! A abolição se fez com flores e festas. Ganhei ou não a partida?
O Barão, cujas previsões políticas o haviam apeado do poder, mas que continuara a opor-se de corpo e alma à extinção do cativeiro, pelo colapso econômico que disso sobreviria, fitou-a e respondeu:
- É verdade. Vossa Alteza ganhou a partida, mas perdeu o trono.
Pouco tempo depois foi proclamada a República.
A Princesa Isabel, ferida pelo destronamento, ao passar pela sala do Paço onde assinara a Lei Áurea, bateu com energia na mesa em que a subscrevera, e disse:
- Se tudo o que está acontecendo provém do decreto que assinei, não me arrependo um só momento. Ainda hoje o assinaria!" (XAVIER, Leopoldo Bibiano, 1991. pág. 166)
Lei Áurea
Encerrarei esta postagem com essas belas quadrinhas populares cantadas pelas crianças brasileiras, confirmando o sentimento popular carinhoso que nosso povo tinha pela Princesa:
"Princesa Dona Isabel,
Mamãe disse que a Senhora
Perdeu seu trono na terra,
Mas tem um mais lindo agora.
No céu está esse trono
Que agora a Senhora tem,
Que além de ser mais bonito
Ninguém lho tira, ninguém."
(José Honório Rodrigues, Atas do Conselho de Estado - Vol. X - Senado Federal, Brasília, 1973)
Muito boa a série de posts, Rodrigo!
ResponderExcluirDepois pesquisarei mais sobre o Zumbi, eu já sabia que na época da escravidão os próprios negros se escravizavam em outros reinos, mas não sabia que o "símbolo da causa abolicionista" possuía escravos rs
Caro Marcos,
ResponderExcluirpois é. A subversão e destruição da imagem monárquica pela república aconteceu de forma muito bem feita, e "pegou" de forma mais surpreendente ainda! A nossa História está repleta de fatos mal explicados como a questão abolicionista!
Obrigado pelo comentário. Apareça sempre!
Excelente série de artigos.
ResponderExcluirCaro Marco Aurélio,
ResponderExcluirobrigado pelo comentário! Farei o possível para manter o nível das postagens!
Um abraço.
Simplesmente ótimo!!! Até de se ler, não é nada cansativo!!!! Parabens Moore!!!!
ResponderExcluirCaro Tronn,
ResponderExcluirfico feliz que seu interesse pelo blog e pelo que tenho a dizer sobre Monarquia está deixando-o satisfeito! Fique sempre atento, pois as postagens continuarão...
Obrigado pela visita e comentário!
Rodrigo, poderia postar sobre os abolicionistas brasileiros?
ResponderExcluirAchei um blog interessante sobre a escravidão no Brasil veja:
ResponderExcluirhttp://blogdoims.uol.com.br/equipe-do-blog/entre-cantos-e-chibatas-conversa-com-lilia-schwarcz/